quarta-feira, 21 de maio de 2008

Uma gaivota aos 47 do segundo tempo

há um certo estilo 47 do segundo tempo.
é aquela história furada da pedra
ou da pedra furada com água.
é aquela história que é certa
que não duvida de nada
que não desiste nunca.
uma coisa eu sei
não sei vocês:
só leva aos 47
quem quis
os 46.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Couro de Boi

Hoje eu trouxe pra esse canto uma música sertaneja que mais parece uma parábola. Ou uma história contada por um índio velho, ao redor de uma fogueira. Seu nome é " Couro de Boi" , de Tião Carreiro e Pardinho. Só ouvindo e prestando atenção na letra pra entender:


Conheço um velho ditado que é do tempo dos “agais”
Diz que um pai trata 10 filhos
10 filhos não tratam um pai.
Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar
O velho peão estradeiro
Com seu filho foi morar.

O rapaz era casado
E a mulher deu de implicar
você manda o velho embora
se não quiser que eu vá
e o rapaz coração duro
com o velhinho foi falar


para o senhor se mudar
meu pai eu vim lhe pedir
hoje aqui da minha casa
o senhor tem que sair
leva esse couro de boi
que eu acabei de curtir
pra lhe servir de coberta
adonde o senhor dormir

O pobre velho calado
Pegou o couro e saiu
Seu neto de oito anos
Que aquela cena assistiu
Correu atrás do avô
Seu paletó sacudiu
Metade daquele couro
Chorando ele pediu

O velhinho comovido
Pra não ver o neto chorando
Partiu o couro no meio
E pro netinho foi dando
O menino chegou em casa
Seu pai foi lhe perguntando
Pra que você quer este couro
Que o seu avô ia levando.

Disse o menino ao pai
Um dia vou me casar
O senhor vai ficar velho
E comigo vem morar
Pode ser que aconteça
De nós não se combinar
Esta metade do couro
Vou dar pro senhor levar.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

insights e insides

o que me arrepia
é música
é música
o que me arrepia.

mesmo de casaco
sem vento
mesmo as que não gosto
eu tento
mesmo quando estou dormindo
e sonho
nos sonhos a música me envolve como água
e me arrepia

não de frio;

me arrepio do que a música tem do vento.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

viva o teatro

diariamente.

lá no fim do mês, com a grana que sobrar
leve sua família a 2 horas de vida.
vá de inteira, sem meia.
um pouco de vida não faz mal a ninguém.
desligue os bips e celulares
[para onde foram todos os bips do mundo?]
ligue os ouvidos e as retinas
deixe a paranóia em stand by.
preste atenção a um pouco de vida.
na saída,
não esqueça sua máscara pendurada no cabide

mas não deixe de se empolgar
de preferência num bar

lembrando da vida, comemorando a vida

não sue, não borre a maquiagem

no palco não convém se queimar

lá dentro da vida

tudo podia

aqui fora


convém dissimular.

terça-feira, 6 de maio de 2008

tenho o gosto perverso

pelo coração acelerado
ficar num estado
de olhos abertos,

sentir frio por nada.

é uma sede agressiva
pelo mel da conquista
(eu só durmo de lado para não perder o fio da meada)

Viver o momento anterior como se ele fosse
o posterior
inverter a ordem da vida

na timeline dos sonhos

sábado, 3 de maio de 2008

A hora das cigarras

Vou no pulso das cigarras
O compasso certo do mundo
Vejo a noite gastando o dia
Gasto a vida e vou mais fundo
Parado olhando sou público
não-pagante sentado nas pedras e muros

Me arranho sem lugar marcado
Não tenho ingresso antecipado
Nem pulseira VIP pro fim

paro vejo ouço penso falo
Esqueço tudo
Não é hora pra pensar agora é ver

E vem a beira-mar
Vento soprando que tira os pés do chão
A maré vai vazar
De noite um pedaço de mar vai virar chão

Vou no pulso das cigarras
O compasso certo do mundo
Vejo a noite gastando o dia
Gasto a vida e vou mais fundo
Parado olhando sou súdito
Mergulhado nas pedras e muros
Me arranho sem lugar marcado

Não tenho ingresso antecipado
Nem pulseira VIP pro fim

paro vejo ouço penso falo
Esqueço tudo
Não é hora pra pensar agora é ver

E vem a beira-mar
Vento soprando que tira os pés do chão
A maré vai vazar
De noite um pedaço de mar vai virar.

(Dá pra ouvir a música no negócio aí em cima... A boa é esperar carregar tudo pra ouvir, senão fica pulando igual som de carro em estrada esburacada!)

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