Hoje eu trouxe pra esse canto uma música sertaneja que mais parece uma parábola. Ou uma história contada por um índio velho, ao redor de uma fogueira. Seu nome é " Couro de Boi" , de Tião Carreiro e Pardinho. Só ouvindo e prestando atenção na letra pra entender:
Conheço um velho ditado que é do tempo dos “agais”
Diz que um pai trata 10 filhos
10 filhos não tratam um pai.
Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar
O velho peão estradeiro
Com seu filho foi morar.
O rapaz era casado
E a mulher deu de implicar
você manda o velho embora
se não quiser que eu vá
e o rapaz coração duro
com o velhinho foi falar
para o senhor se mudar
meu pai eu vim lhe pedir
hoje aqui da minha casa
o senhor tem que sair
leva esse couro de boi
que eu acabei de curtir
pra lhe servir de coberta
adonde o senhor dormir
O pobre velho calado
Pegou o couro e saiu
Seu neto de oito anos
Que aquela cena assistiu
Correu atrás do avô
Seu paletó sacudiu
Metade daquele couro
Chorando ele pediu
O velhinho comovido
Pra não ver o neto chorando
Partiu o couro no meio
E pro netinho foi dando
O menino chegou em casa
Seu pai foi lhe perguntando
Pra que você quer este couro
Que o seu avô ia levando.
Disse o menino ao pai
Um dia vou me casar
O senhor vai ficar velho
E comigo vem morar
Pode ser que aconteça
De nós não se combinar
Esta metade do couro
Vou dar pro senhor levar.
Rio Negro
Há 2 anos
3 comentários:
Quando minha avó ficou com alzeimer minha mãe, sem muita opção, mandou-a para um asilo. Eu disse pra ela não se preocupar que eu não ia nunca mandá-la para o asilo. Ela prometeu que não teria alzeimer.
Essa música é de Teddy Vieira e Palmeira. Foi gravada pela primeira vez por Mineiro e Manduzinho. Depois por Palmeira e Biá, Tonico e muitos outros. O termo correto, na declamação é "zagais" e não "agais". Zagais, no caso, significa Ajudantes ou empregados subalternos de uma fazenda de criação de gado.
Essas pequenas falhas não tiram o mérito do blog de postar essa jóia da música caipira composta em 1954.
Ademar Afonso - Londrina(PR)
Obrigado pelas informações Ademar. Volte sempre!
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