segunda-feira, 28 de abril de 2008

de vagar por aí

deslizando em silêncio

sempre e devagar

apenas duas rodas

que não param no trânsito
que dependem das pernas
na direção oposta do globo
e, dependendo do dia,
na direção oposta do vento

sem chance de fechar a janela
sem cinto de segurança
nem carteira de motorista
quem guia bem é criança

velocidade constante
que corta
carros e pernas corredores caçambas gringos velhinhos carrinhos de bebê

devagar mas vai sempre
devagar pra quem vê


devagar mas vai
sempre
devagar pra quem vê.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

pra gramacho é que não é

Pra onde vai o resto de vida

Negativo velado, muito escuro ou nem batido
Desperdiçado na hora
Mas que mantem-se na máquina, atrapalhando o rodar do filme
Se somando ao rodar do filme.

Separado
Isolado na sala escura
à sombra de uma luz vermelha
não tem valor nenhum.

Mal batido – diriam os críticos da primeira arte, ofício da vida

Mal batido tal qual um ovomaltine vulgar, tomado no meio da rua
No sol cambaleante das 4 horas da tarde
Pra apagar aquele gosto de terra na boca
Aquele desgosto
Da cena perdida
Da hora perdida

Haverá caçamba de lixo grande o suficiente
Larga o suficiente
Para receber tantos restos
Tantas pontas
Tantos pedaços
Das coisas que não foram
Das palavras não ditas
Material bruto mental e guardado
Rolos completos , inteiros
de vida.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

só mais uma dúvida

dispensa vazia
e a panela a se encher de água

o critério esquentado
dilata-se

o que estava na lata
delata-se.

panela ocupada
e da dispensa lotada
já não se quer mais nada.

sábio aquele velhinho
aquele que deu um nome
praessa
força fluída solta por aí a balançear e trabalhar, sem perder e sem ganhar:
relatividade.


einsten ou eisenstein?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

o vice que é campeão

as segundas-feiras
como as manhãs
tem um Q,
um R, um S, um TUVXZ

de começo.

Atingem seu ápice
encontrando-se por acaso
elevando-se ao quadrado
às segundas de manhã.

neste abençoado pedaço de semana
cereja ao contrário
na base do bolo semanal
o que predomina é a preguiça.

gargulas e gaivotas sobrevoam
os finais de sonho
ao som de trombetas rascantes
na difícil tarefa do início.
"como é difícil esse tal de início!" - bradam as aves desiludidas.

e as mentes relutam em fechar o domingo
resistem
persistem
insistem
em vão
em vão
em vão
e vão.

sábado, 5 de abril de 2008

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