sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

em algum lugar da amazônia


os rios que sabem
ninguém tem sede
e ser um só
é ser todos eles
enrosca as madeixas que tornam a enroscar

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

do mesmo inventor do arroz com feijão

o som agudo é intenso mas não vai longe
o grave é fraco mas vai além
ao juntar o dia e a noite
a vida e  morte
homem e mulher

deus inventou o neném

domingo, 30 de novembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Acelera nas curvas meu filho

o ator que existia
dentro de mim
entrou no armário e 
trancou a porta
deixou cá fora
um frasco de cola polar
pra colar de vez
mas nem tanto
a máscara que escolhi usar

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ele não crê na teoria

num samba dois cinco um
Joaquim encontrou sua quinta na platéia
Voltou ao fundamental e já passou a quarta
Mas tinha um trítono no caminho.

tentou tocar na oitava acima
pra evitar mascaramento
seguindo a série harmônica
dos acontecimentos

insistiu na tônica
voltou ao tema

mudar de tom - disse ela
nem pensar

não são só 7 as notas do mundo-
argumentou Joaquim,
quem sabe a dissonância possa ajudar?

era aquela a melodia que ele queria
pra encaixar naquele choro sem ritmo
e sem retornello

mais triste que "Odeon".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

fica até bom de não lembrar

o sonho que eu tive.

Era como estar em algum lugar
então sentir o que é estar

sempre a beira do mar

por entre as brechas desses prédios
se esvai
o sonho que eu tive
há quinze minutos
se esvai

pode ser que um dia eu vá lembrar
no quase agora onde eu estive

era uma festa de gente dormindo
uma festa de gente sem conversar

uma casa que tinha mais de mil portas
cada quarto
uma nota
a cada passo uma porta
que dava em outro sonho
cada mundo tão bisonho
que vontade acordar

terça-feira, 11 de novembro de 2008

cheiro de café entre a unha e o dedo

um livro de presente

só pra ter onde escrever a dedicatória

adesivo amassado

do candidato que permaneceu candidato

esquecido largado no canto do carro


serviu pra escrever este poema corrido
até o sinal abrir
quadrado

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ninguém avisou pro galo


que já é horário de verão

dias de 47 horas

sem dormir a vida em amarelo loucura

ouvidos que batem na porta e parede

os olhos com sede
a sede dos olhos

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

poesia não tem data

que o que
escapa ao corpo é atemporal

nem momento
nem hora

o agora se faz sem história

na ponta do dedo

o anti-momento

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas

acordar de um sonho
(qualquer um)
é ter na mão

o vento que passa e não pára de passar
a prova que acaba
antes de começar
não use os segundos pra contar
esqueça a unidade

ação
espaço
tempo
lugar

a cabeça não sabe onde foi

sobra só uma pista cifrada

a consciência não chega
lmitada tadinha não sabe de nada
limitadatadinha

ela não sabe de nada

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

soar

palavras tão longe
do mundo
apesar
de sempre tentar explicar
apesar
de quase sempre escapar
todo ele

insistem em dizer

menos nomes

do que coisas a nomear

seguem as linhas

mas há no mundo mais que ar
no mundo mais que ar

quem cala
fala em silêncio
cala mas fala em silêncio
cala
mas fala sem dizer

pode ser que eu me esqueça o final
pode ser e daí
mas não tem importância real
sentir é tão grande
maior do que dá pra dizer

domingo, 28 de setembro de 2008

Dançarina de carimbó

Começou num boa noite
Dois segundos a mais nos olhos
Olhos nos olhos
Negros do rio
A dança que chama
Preenche o vazio
O fogo pega mais fácil
A salvo do vento
Correndo lento correndo
No meio do barco
A beira do rio.

É dança que queima
misteriosamente
Faz acreditar na possibilidade
Desenha imagens
Contorna margens
Tinta da vontade:
O desafio.

Pra quem espera
A beira do rio

Que seguir adiante, como quem nada viu
É não fazer o bastante
Ignorar o instante
Esquecer do arrepio

O vento ajuda
Quem se joga sem medo no rio
Certeza é a filha do desafio
Noite sem correnteza

Não há lugar pra tristeza
Quando um vento constante sopra gelado
transforma pensamento em verdade
usando a vontade, nada mais que vontade
na beira do rio.

sábado, 13 de setembro de 2008

acordar com um gosto na boca

golpes de lance
sorte ou azar
o que importa é a viagem
muito mais que chegar

nunca sonhei que chegava - ao contrário -
nos sonhos, me canso de caminhar
cada dia em uma noite
é uma vida separada
que acontece na estrada
uma verdade que voa
não permite pensar
o que os olhos dissipam
a mente não apaga

o vapor continua
pairando no ar
do dia
acordado.

nunca me lembro da cara
nem do cheiro da viagem passada
o que fica é o gosto
entalado nas paredes da garganta
que sonhou
garganta- mera passagem
como os sonhos
ácidas e doces miragens
pensamentos embaralhados sem margem
cor

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Há mais poesia no banho frio

Na noite do que no dia
Ainda que 6 da manhã seja um poema sem linhas - de cortar os pulsos, mas é poesia

Há mais poesia no sofrimento
Infelizmente
Há mais poesia no apartamento
Felizmente

Há mais poesia nos ônibus do que nos carros
Nos bancos do que nas praças
(raramente nos bancos de praças)
há mais poesia nas mulheres
nas filas
nas filhas
em todos os Possíveis lugares em que se fica parado olhando sem falar
há mais poesia na espera
no silêncio
silêncio!

Poesia?

Olho da Terra Quarta-feira na Lapa (Rua Mem de Sá 126)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

impulso lunar

Foi culpa da lua
Não tardou iluminar
Noite fez manhã
No escuro se via
É o dia, é o dia
Num olhar
Avançam marés
O homem e a mulher

Corre, não se esqueça, não me esqueço
Que o medo é o começo
É preciso mais que o medo
É preciso mais
É cedo

ter coragem
caminhar

Que ainda é cedo
Ainda é pouco
É tão pouco quase nada

pro luar

Ela que empurra as palavras pra fora
Influi no oceano
Mais branca que o sal
Ela que empurra as palavras pra fora
Influi no oceano
Mais branca que o sal

Ela que invade os meus olhos
Sorriso no olhar
Ficando mais tempo a mirar, aquele tempo
De pensar ainda é tempo

caminhar

sábado, 2 de agosto de 2008

o mel não cai no chão porque continuo girando a colher

um lugar

pra ver o sol
nascer e morrer

pra sentir o cheiro do mundo
o barulho faltando das árvores
as primeiras estrelas da tarde

O lugar
quem sabe
os lugares

rios descendo em escalas maiores
tangerinas sobrando nas árvores
com vocês: o céu
com vocês: a lua nova
com vocês: o barulho do vento

é dificio:
mas
de dia, a noite parece a coisa mais absurda do mundo

terça-feira, 15 de julho de 2008

cego é quem vê coisas demais

tudo vai mudar
quando chegar o elefante
um pouco adiante
do antes
de ontem
passadas largas
leves
planas
o cheiro que sobe
dos fins de semana
o cheiro que chove
de chuva na lama

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Há algo de mim

de fora.
algo de mim
vindo de fora
algo em mim
que não remonta o agora.

outrora fosse eu mesmo
ou seria algo/alguém
antes de mim?

domingo, 29 de junho de 2008

agridoce (de agre + doce :que tem simultaneamente sabor ácido e doce; fig. que causa tristeza e alegria.)

tão perto que dá

pra sentir o cheiro

um cheiro doce

dos seus cabelos

seus olhos até

desisti
de procurar

quando tu dança

chega pro lado
chega pra trás

num impulso seco

não dando tempo
de me preparar

do seu pescoço

sinto o oxigênio

um pouco de pele
entranhada no ar

peço licença

meu peito infla

isso sim


é que é cheirar.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

o lobo-guará

bebendo água na beira do rio
gelada de doer o dente
olhou-me fixo

um olhar de tremer as pupilas

tremedeira longa

que nem tão cedo os 4 desviaram de fronte.

aqueles olhos azuis

duas flechas certeiras

fulminaram meu cerebelo
queimaram fonte
secaram chafariz

se fiz alguma coisa
foi só na cabeça

de corpo inteiro
só sei que não fiz

quinta-feira, 19 de junho de 2008

.

sem medo de viver

eu canto

sem medo de morrer

sem medo de viver

eu canto

meu medo de morrer

sem medo de viver o encanto

sem medo de morrer.

terça-feira, 17 de junho de 2008

caderno de viagem

o clipse que nós unia
cedeu e se partiu
foi segurar a porta da barraca
o fechecler que não abriu
sois agora folha solta (não mais)
perdida pelo sul do Brasil
com o destino traçado pelo vento
do litoral
desconhecido

o destino

animal sedento

viu a sombra, encostou na árvore

e dormiu.

sábado, 7 de junho de 2008

confesso que já gostei mais do quase

ultimamente, estou afeito ao feito

ao efeito.

o quase é probabilidade furada
filme sem final por cansaço do roteirista
carcaça largada
dum "quem sabe outro dia"

o feito tem início
fim
meio.

o quase é só o meio.

o feito tem recheio
o quase tem receio.

uma letrinha a menos
(repara que ironia)
logo uma letra muda
no meio de tanto barulho

muda.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Uma gaivota aos 47 do segundo tempo

há um certo estilo 47 do segundo tempo.
é aquela história furada da pedra
ou da pedra furada com água.
é aquela história que é certa
que não duvida de nada
que não desiste nunca.
uma coisa eu sei
não sei vocês:
só leva aos 47
quem quis
os 46.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Couro de Boi

Hoje eu trouxe pra esse canto uma música sertaneja que mais parece uma parábola. Ou uma história contada por um índio velho, ao redor de uma fogueira. Seu nome é " Couro de Boi" , de Tião Carreiro e Pardinho. Só ouvindo e prestando atenção na letra pra entender:


Conheço um velho ditado que é do tempo dos “agais”
Diz que um pai trata 10 filhos
10 filhos não tratam um pai.
Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar
O velho peão estradeiro
Com seu filho foi morar.

O rapaz era casado
E a mulher deu de implicar
você manda o velho embora
se não quiser que eu vá
e o rapaz coração duro
com o velhinho foi falar


para o senhor se mudar
meu pai eu vim lhe pedir
hoje aqui da minha casa
o senhor tem que sair
leva esse couro de boi
que eu acabei de curtir
pra lhe servir de coberta
adonde o senhor dormir

O pobre velho calado
Pegou o couro e saiu
Seu neto de oito anos
Que aquela cena assistiu
Correu atrás do avô
Seu paletó sacudiu
Metade daquele couro
Chorando ele pediu

O velhinho comovido
Pra não ver o neto chorando
Partiu o couro no meio
E pro netinho foi dando
O menino chegou em casa
Seu pai foi lhe perguntando
Pra que você quer este couro
Que o seu avô ia levando.

Disse o menino ao pai
Um dia vou me casar
O senhor vai ficar velho
E comigo vem morar
Pode ser que aconteça
De nós não se combinar
Esta metade do couro
Vou dar pro senhor levar.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

insights e insides

o que me arrepia
é música
é música
o que me arrepia.

mesmo de casaco
sem vento
mesmo as que não gosto
eu tento
mesmo quando estou dormindo
e sonho
nos sonhos a música me envolve como água
e me arrepia

não de frio;

me arrepio do que a música tem do vento.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

viva o teatro

diariamente.

lá no fim do mês, com a grana que sobrar
leve sua família a 2 horas de vida.
vá de inteira, sem meia.
um pouco de vida não faz mal a ninguém.
desligue os bips e celulares
[para onde foram todos os bips do mundo?]
ligue os ouvidos e as retinas
deixe a paranóia em stand by.
preste atenção a um pouco de vida.
na saída,
não esqueça sua máscara pendurada no cabide

mas não deixe de se empolgar
de preferência num bar

lembrando da vida, comemorando a vida

não sue, não borre a maquiagem

no palco não convém se queimar

lá dentro da vida

tudo podia

aqui fora


convém dissimular.

terça-feira, 6 de maio de 2008

tenho o gosto perverso

pelo coração acelerado
ficar num estado
de olhos abertos,

sentir frio por nada.

é uma sede agressiva
pelo mel da conquista
(eu só durmo de lado para não perder o fio da meada)

Viver o momento anterior como se ele fosse
o posterior
inverter a ordem da vida

na timeline dos sonhos

sábado, 3 de maio de 2008

A hora das cigarras

Vou no pulso das cigarras
O compasso certo do mundo
Vejo a noite gastando o dia
Gasto a vida e vou mais fundo
Parado olhando sou público
não-pagante sentado nas pedras e muros

Me arranho sem lugar marcado
Não tenho ingresso antecipado
Nem pulseira VIP pro fim

paro vejo ouço penso falo
Esqueço tudo
Não é hora pra pensar agora é ver

E vem a beira-mar
Vento soprando que tira os pés do chão
A maré vai vazar
De noite um pedaço de mar vai virar chão

Vou no pulso das cigarras
O compasso certo do mundo
Vejo a noite gastando o dia
Gasto a vida e vou mais fundo
Parado olhando sou súdito
Mergulhado nas pedras e muros
Me arranho sem lugar marcado

Não tenho ingresso antecipado
Nem pulseira VIP pro fim

paro vejo ouço penso falo
Esqueço tudo
Não é hora pra pensar agora é ver

E vem a beira-mar
Vento soprando que tira os pés do chão
A maré vai vazar
De noite um pedaço de mar vai virar.

(Dá pra ouvir a música no negócio aí em cima... A boa é esperar carregar tudo pra ouvir, senão fica pulando igual som de carro em estrada esburacada!)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

de vagar por aí

deslizando em silêncio

sempre e devagar

apenas duas rodas

que não param no trânsito
que dependem das pernas
na direção oposta do globo
e, dependendo do dia,
na direção oposta do vento

sem chance de fechar a janela
sem cinto de segurança
nem carteira de motorista
quem guia bem é criança

velocidade constante
que corta
carros e pernas corredores caçambas gringos velhinhos carrinhos de bebê

devagar mas vai sempre
devagar pra quem vê


devagar mas vai
sempre
devagar pra quem vê.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

pra gramacho é que não é

Pra onde vai o resto de vida

Negativo velado, muito escuro ou nem batido
Desperdiçado na hora
Mas que mantem-se na máquina, atrapalhando o rodar do filme
Se somando ao rodar do filme.

Separado
Isolado na sala escura
à sombra de uma luz vermelha
não tem valor nenhum.

Mal batido – diriam os críticos da primeira arte, ofício da vida

Mal batido tal qual um ovomaltine vulgar, tomado no meio da rua
No sol cambaleante das 4 horas da tarde
Pra apagar aquele gosto de terra na boca
Aquele desgosto
Da cena perdida
Da hora perdida

Haverá caçamba de lixo grande o suficiente
Larga o suficiente
Para receber tantos restos
Tantas pontas
Tantos pedaços
Das coisas que não foram
Das palavras não ditas
Material bruto mental e guardado
Rolos completos , inteiros
de vida.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

só mais uma dúvida

dispensa vazia
e a panela a se encher de água

o critério esquentado
dilata-se

o que estava na lata
delata-se.

panela ocupada
e da dispensa lotada
já não se quer mais nada.

sábio aquele velhinho
aquele que deu um nome
praessa
força fluída solta por aí a balançear e trabalhar, sem perder e sem ganhar:
relatividade.


einsten ou eisenstein?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

o vice que é campeão

as segundas-feiras
como as manhãs
tem um Q,
um R, um S, um TUVXZ

de começo.

Atingem seu ápice
encontrando-se por acaso
elevando-se ao quadrado
às segundas de manhã.

neste abençoado pedaço de semana
cereja ao contrário
na base do bolo semanal
o que predomina é a preguiça.

gargulas e gaivotas sobrevoam
os finais de sonho
ao som de trombetas rascantes
na difícil tarefa do início.
"como é difícil esse tal de início!" - bradam as aves desiludidas.

e as mentes relutam em fechar o domingo
resistem
persistem
insistem
em vão
em vão
em vão
e vão.

sábado, 5 de abril de 2008

segunda-feira, 31 de março de 2008

pescoço

momento oportuno

área de transição

paraíso coberto discreto guardado

se me sento ao lado, não vejo
imagino
se me sento atrás também não vejo
sublimo

os cabelos tomados e guardados acima
o esticar da coluna
postura ereta
respirar pelas narinas

as mãos demonstram a harmonia inerente
aos pares
meus olhos se somam ao trabalho conjunto
focados
tomados
tragados
não vejo nem escuto
apenas sinto o cheiro
(meu cérebro bloqueado tem espaço para um último devaneio:)
o que seria do pescoço
sem o suave odor dos cabelos?

terça-feira, 25 de março de 2008

medo

às vezes salva uma vida

receio que sempre emperre outra

é a dose quem decide
se são doze
ou cento e vinte
se as pernas paralisam no meio da avenida
ou se o susto do beijo roubado
rende aquela paixão
mais do que bem-vinda

são segundos
vidas de partículas microscópicas
estilhaços de possibilidades
soprados de uma vez
uma
apenas uma vez
por mais que se lamente e se tente desesperadamente repetí-la

uma vez.

quarta-feira, 19 de março de 2008

a rua na barriga

415´s desgovernados

rompem minhas veias

em trânsito

432´s sem freio giram a roleta
das minhas idéias

591´s ou 592?

quarta-feira, 12 de março de 2008

Haikai da motivação

malandro abre o olho

já se vai terminando o dia:

timidez e covardia estão mais próximos do que você queria.

sábado, 8 de março de 2008

quanto valem 5 minutos da vida?

[completo em minha falta
porém discreto]

visto preto
a cor da raça
na hora mais propícia à
caça
sigo eu sozinho e só atraio
as que me sentem de longe
no faro
e não é raro
que me sinto o cara mais completo
que vê o céu nascer cantando
vivendo o dia seguinte
de antemão
abrindo pros raios azuis

na-quase-semi-escuridão.

sentindo a passagem
(será que tudo passa?)
avistando miragens
(que é que tem mais graça?)
e sendo o que a vida
não me planejou de ser
arregalando os olhos
me beliscando pra ver.

segunda-feira, 3 de março de 2008

daquelas do caderno velho que eu nunca me lembraria ou aulas da faculdade que valem menos que uma poesia

A beleza é um pouco a mais.
Ligeiramente diferente;
Alguma coisa no olhar
ou no nariz

esperando o futuro virar passado
horas e horas se derretendo em estado
de mais pura fé em nada
condicionado ao ar condicionado
arcondicionado à minha condição.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

onceuponthetime ou dá mais meia horinha

(são 8:47 da manhã e o sol ainda não resolveu nascer no itanhanga)

as palavras estão longe do mundo
apesar de parecerem ser todo ele

o que se recebe
não é o que se tem

onde se anda
por onde se espera
o ar que se respira
a comida que se come
a mulher que se ama
a cama que se dorme
com a máxima certeza
não é a mesma que se acorda.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

e por falar em olhares

Transpassado

Letra: Ricardo Magalhães
Música: Pedro Gracindo

Pensando que no quarto fechado
se pode ficar em total segurança
A noite é uma eterna criança
que dança em silêncio
na ausência da luz

E se eu sei dançar
Eu saio
Pra arriscar
Com ela
Como não sei falar
Me calo
Só no olhar
É que eu espero conseguir

Hei de chegar com os olhos
Até o horizonte
Me transportar com os sentidos até a chuva
Que cai em bloco negro no alto mar
E transforma o azul do céu nessa tinta turva

Num segundo fugi
pra mergulhar no ar
eu logo percebi que era possível voar.

(ouça a música no treco laranja em cima!)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

quinta-feira-de-cinzas (ouvindo A Lenda do Abaeté/Baden Powell)

já é hora de limpar esse rastro

de confetes e lama

é hora de se esquivar dos olhares

esfregar estes pés

cortar a serpentina
que lacrou a semana.

tudo menos olhar pra trás
se perguntar
porque saiu
por ondeandoucom quemsorriupra quemchorou

guardemos a fantasia
e as desculpas
ainda que puídas pela chuva

guardemos os sorrisos
e as perguntas

guardemos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

saber doía

Sabedoria...
é saber calar;

nem começar.

não é o cheio

é o vazio
o só
o constante
o insistente.

não é o nascer
é bem mais o poente.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

no último carnaval

meu coração é de pedra sabão.

comprei em Ouro Preto
no último carnaval
cruzando uma esquina de pé- de -moleque
parei pra tomar uma pinga
o rapaz não tinha troco
me ofereceu uma empada de palmito
como eu não como palmito,

ganhei um peixe:

meio amarelado
meio marrom
talhado em pedra sabão.
tão liso
e da mesma cor
que uma pista de boliche.

perfeito!
já tinha o que botar
do lado esquerdo do peito:
meu peixe amarelo de pedra sabão.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008


Quando cantam as cigarras
seguras
Gritam as cigarras de alegria


Ruaapinhada de gente
O bafo do adeus;

O momento entre a noite e o dia.

Ritmo constante
Repetitivo pulsante
Base sonora aurora que vai
Canto marcado suado ritmado
Dos bichos;

Cigarra e cigarro.
Que ficam.

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