terça-feira, 26 de abril de 2011

Tento

Que a nossa poesia

Tenha

Alguma existência

 

Que a nossa existência

Tenha

Alguma poesia

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dois conselhos práticos para se chegar à velhice

1. Nunca economize nas cartas de amor

2. Escute o silêncio com a atenção
de quem ouve palavras de carinho

segunda-feira, 11 de abril de 2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Lápis

Tocando meu violão, me lembrei do tempo da escola. No primário, a gente só podia usar lápis. Caneta era privilégio de gente grande.

A imortalidade esferográfica estava reservada a poucos. Com uns nove anos, ganhava-se instantânea e irrevogável permissão para gravar alguma coisa no papel pra sempre. Eu disse pra sempre.

Hoje, percebo o quanto me fez mal abrir mão do lápis em troca da ilusão da permanência. Diante de um samba que tiro de ouvido, “Sem ilusão”, de Elton Medeiros, o lápis e a borracha são companheiros perfeitos rumo ao sucesso: encontrar a sequência de acordes que melhor se encaixa com a letra. Sem espaço para a ilusão, uso lápis.

Escrever com ele é estar aberto ao improviso, é perceber melhor a imperfeição. A impossibilidade de ser eterno. A finitude.

Usar lápis é construir aos pouquinhos em vez de querer fazer tudo de uma vez, é ser humilde perante o papel. Humilde mas nunca omisso. O lápis é ansioso. Não costuma economizar em palavras, isso sem falar em linhas.

Ao contrário da caneta, aflita por ter que acertar de primeira, o lápis tem quantos takes achar necessários.

Como odeia sapatos, prefere caminhar descalço.

Desenhar com lápis é admitir que a vida é um processo contínuo, trabalhoso. Um caminho para algum lugar.

Mas só o lápis não adianta de nada. Feliz de quem guarda uma borracha no estojo.

 

Seguidores

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.