Impossível ficar sem escrever. E quem escreve transborda além das paredes, por entre os fios, ares, onde der para reverberar. Chamei Paulinho da Viola bara abrir as porteiras da casa, que me lembrou sabiamente:
"Pra cantar samba
Vejo o tema na lembrança
Cego é quem vê
Só aonde a vista alcança
Mandei meu dicionário às favas
Mudo é quem só se comunica com palavras"
Perfeito. O mestre está coberto de razão.
Mas não perco meu apego às palavras. Elas podem fazer mais do que comunicar.
Pensando nisso, continuo:
Quero fazer prisma das palavras
decompor em sentimentos
Ir além do arco-íris
Quero refletir cor, mesmo as que não vejo
Quero decompor o branco
Esvaziar o preto
esfriar o vermelho
quero falar em 3ª pessoa
sujeito indeterminado que sou.