domingo, 29 de junho de 2008

agridoce (de agre + doce :que tem simultaneamente sabor ácido e doce; fig. que causa tristeza e alegria.)

tão perto que dá

pra sentir o cheiro

um cheiro doce

dos seus cabelos

seus olhos até

desisti
de procurar

quando tu dança

chega pro lado
chega pra trás

num impulso seco

não dando tempo
de me preparar

do seu pescoço

sinto o oxigênio

um pouco de pele
entranhada no ar

peço licença

meu peito infla

isso sim


é que é cheirar.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

o lobo-guará

bebendo água na beira do rio
gelada de doer o dente
olhou-me fixo

um olhar de tremer as pupilas

tremedeira longa

que nem tão cedo os 4 desviaram de fronte.

aqueles olhos azuis

duas flechas certeiras

fulminaram meu cerebelo
queimaram fonte
secaram chafariz

se fiz alguma coisa
foi só na cabeça

de corpo inteiro
só sei que não fiz

quinta-feira, 19 de junho de 2008

.

sem medo de viver

eu canto

sem medo de morrer

sem medo de viver

eu canto

meu medo de morrer

sem medo de viver o encanto

sem medo de morrer.

terça-feira, 17 de junho de 2008

caderno de viagem

o clipse que nós unia
cedeu e se partiu
foi segurar a porta da barraca
o fechecler que não abriu
sois agora folha solta (não mais)
perdida pelo sul do Brasil
com o destino traçado pelo vento
do litoral
desconhecido

o destino

animal sedento

viu a sombra, encostou na árvore

e dormiu.

sábado, 7 de junho de 2008

confesso que já gostei mais do quase

ultimamente, estou afeito ao feito

ao efeito.

o quase é probabilidade furada
filme sem final por cansaço do roteirista
carcaça largada
dum "quem sabe outro dia"

o feito tem início
fim
meio.

o quase é só o meio.

o feito tem recheio
o quase tem receio.

uma letrinha a menos
(repara que ironia)
logo uma letra muda
no meio de tanto barulho

muda.

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