domingo, 28 de setembro de 2008

Dançarina de carimbó

Começou num boa noite
Dois segundos a mais nos olhos
Olhos nos olhos
Negros do rio
A dança que chama
Preenche o vazio
O fogo pega mais fácil
A salvo do vento
Correndo lento correndo
No meio do barco
A beira do rio.

É dança que queima
misteriosamente
Faz acreditar na possibilidade
Desenha imagens
Contorna margens
Tinta da vontade:
O desafio.

Pra quem espera
A beira do rio

Que seguir adiante, como quem nada viu
É não fazer o bastante
Ignorar o instante
Esquecer do arrepio

O vento ajuda
Quem se joga sem medo no rio
Certeza é a filha do desafio
Noite sem correnteza

Não há lugar pra tristeza
Quando um vento constante sopra gelado
transforma pensamento em verdade
usando a vontade, nada mais que vontade
na beira do rio.

sábado, 13 de setembro de 2008

acordar com um gosto na boca

golpes de lance
sorte ou azar
o que importa é a viagem
muito mais que chegar

nunca sonhei que chegava - ao contrário -
nos sonhos, me canso de caminhar
cada dia em uma noite
é uma vida separada
que acontece na estrada
uma verdade que voa
não permite pensar
o que os olhos dissipam
a mente não apaga

o vapor continua
pairando no ar
do dia
acordado.

nunca me lembro da cara
nem do cheiro da viagem passada
o que fica é o gosto
entalado nas paredes da garganta
que sonhou
garganta- mera passagem
como os sonhos
ácidas e doces miragens
pensamentos embaralhados sem margem
cor

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Há mais poesia no banho frio

Na noite do que no dia
Ainda que 6 da manhã seja um poema sem linhas - de cortar os pulsos, mas é poesia

Há mais poesia no sofrimento
Infelizmente
Há mais poesia no apartamento
Felizmente

Há mais poesia nos ônibus do que nos carros
Nos bancos do que nas praças
(raramente nos bancos de praças)
há mais poesia nas mulheres
nas filas
nas filhas
em todos os Possíveis lugares em que se fica parado olhando sem falar
há mais poesia na espera
no silêncio
silêncio!

Poesia?

Olho da Terra Quarta-feira na Lapa (Rua Mem de Sá 126)

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