terça-feira, 21 de dezembro de 2010

brasil

arroz com feijão

farofa

arroz com feijão e banana

farofa

arroz com feijão e banana e quiabo e abóbora

farofa

arroz com feijão e banana e quiabo e abóbora e pimenta e lá vai dois dedinho de pinga

farofa

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lalaiá

por mais

bonita que seja

a letra

a melhor parte

Sempre é

o lá laiá

as

estantes
aqui 
do 
quarto
3 de texto
4 de miúdezas

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vi

ver
É dar sigfinicado

paladar

imagens visuais

- Digo,

viagens usuais.

mais sonho.

e filme.

algo que distraia

que seja comum

(é daí que as palavras nascem)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

fruto do mar

(vôo)

brincar de brincar de tempo e espaço

compasso de nada obrigado por baixo

encaixo um abraço

nautmosfera que vem

tanto encanto

que canto na proa

(canção)

invólucro-reciclável-de-memória-sensação

envolvo minha carne crua

nesse sopro

envolvo minha carne assada

nesse som

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O infinito tem tempo de sobra para trabalhar a solidão

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

acústica

na sala do meu sonho

cada som era um carinho

de olho atento na parede

ouvido atento de menino

bate e volta na parede

a ida e volta é um caminho

pensa sente e ouve e ri

 

sonho bom é esse aqui

 

cria massa efeito som

na parede é que é bom

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O nome

é por isso que eu falo e canto

por isso que me acalanto

Credito no poder do som

Poderdacústica

Damúsica

Donome

Dapausa

 

Silêncio que entende

a hora

de ouvir e ver

ver e não escutar

escutar e não ver;

saber

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Natal

Um pouco de presente que tem no eterno

Um pouco de eterno que tem no presente

 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

universinal

A universidade

Do futuro

será(já é)

a rua

Encontro de quem não se conhece

Dois dias já é da família

Aulas com o tempo de um dia

filosofia

pra esperar o sinal abrir

 

A universidade da rua já é (será)

pra lá do universo

encontro do inverso com verso 

que versa

sobre a hora

do sinal

abrir

.

..

...

E se não abrir?

sábado, 16 de outubro de 2010

cidade

A

que nunca que se dá

que nunca se dá

que nunca se dá;


 

a que nunca se dá

que nunca se dá

que nunca

cidade

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

eco 92

detalhe

manifestação óbvia das coisas, o todo na parte

detalhe

aquilo que é óbvio

detalhe

quando o todo se manifesta na parte

detalhe

a ironia do óbvio

detalhe

é a obviedade fazendo ironia

detalhe: quando

 

detalhe:

é o óbvio

fazendo charminho

terça-feira, 28 de setembro de 2010

silêncio


seus olhos tão cheios de som

barulho de gente na sala

falei sem palavra

nem tom

a luz que reflete entre

nós

também fala


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

música

é barulho de cabeça

ou cabaça

sinapse em carrinho

bate-bate

som que faz a cuca

no esforço

de lembrar

terça-feira, 21 de setembro de 2010

um amigo de um primo meu


Tinha um ano

quando

começou

a usar;

 

palavra

não lembra se aos 6 ou 7;

escrita

 

tem esperança

que até os 70

aprenda a usar o silêncio


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cantar

Ficar de olhos abertos o maior tempo possível

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

fogo

momentos sublimes

no forró

o calor me esquenta o

outro da alma

 

o que se diz em um beijo

é maior que palavras

o que se diz no segredo

guardado de um beijo

não se diz em palavras

domingo, 5 de setembro de 2010

brinco


a palavra está

a partir da segunda

camada de pele

 

palavra se acha

mais dentro que fora

no depois

e não no agora

no complexo e não no nexo

no reflexo e não no flexo

 

Que a fende se estende pra sempre

pros lados

pra dentro

pra fora

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

arte

é o outro


essência

num dado momento

banal

aquele pouco

que se sabe do final

 

parte que aperta;

é a pinta

é a ponta

é a puta

 

ponto de interrogação

solto

?

(não precisa de frase,

não precisa estar no final)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

alfaiate


Retalha o que

(h)ouve na malha

- tropicália -

preencha essa manta

(ou toalha,

casaco de som

sombra de sonho trançado

em ponto cruz)


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ouvidovento

Marola

é língua de gato

Que lambe o mindinho

Molhando o pé

 

Maré

vem chegando no encalço

Avança pra linha

Dos prédios até

 

Inunda

afunda ligeiro

Pra não sobrar cheiro

Dos homens de cá

 

Mas deixa

uma alga na areia

Que a terra semeia

O que vem do mar

terça-feira, 10 de agosto de 2010

educação

Começou no polegar, ensinou ao mindinho. Espalhou pelos cinco

as mãos ensinaram às pernas, passaram pros pés, calejados de chão

os olhos ensinaram à boca. O nariz ensinou à barriga.

Ouvidos ensinaram à espinha.

 

Ouça (eu ovo) a galinha:

escrever ensinou a pensar

Ou foi pensar

que  ensinou a escrever?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

vida ou aquilo que acabou de começar

escrita

estrutura

pensamento

armadura

vai no tempo

partitura

Ritornelo

Que não dura

segunda-feira, 19 de julho de 2010

; ponto e vírgula

religião
e
música
:
dois pontos
tendência humana
de se relacionar eventos
sons
pessoas
emoções
versos
letras
agrupar multidões
refrão
oração, vibração
comunhão
direção
Ão
Õm
ommmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

sábado, 17 de julho de 2010

câmbio

tentando parar de comer palavras

como o que as palavras parem

quinta-feira, 8 de julho de 2010

ordem e progresso


silêncio depois da música

água depois da sede

beijo depois do silêncio

música depois do beijo


quarta-feira, 30 de junho de 2010

arrebatadora paixão vespertina na fila pra tomar vacina contra gripe suína


me levou pra fila

certa, a fila dos menos

de 30

 

foi olhar

me encantei na hora

conversa de fila

de vacina

 

o corredor chegando

as curvas se abrindo


o tempo é infinito

um bom infinito de fila

 

largou algumas sobre si

tentei completar por aqui

pegar bolinhas

de sabão no ar

sem destruir

 

(seu nome ainda não tinha)

verdadeiro encontro dispensa o nome

 

tomada a vacina

saímos juntos

papeando copacabana

atravessou

Nossa conversa sem

fazer barulho

comissária de bordo

uma vida

viajando

lado a lado

na nossa

senhora

só não contava com aquela curva

que curvou sem muito pestanejar

- Eu moro aqui, vou dobrar

-Prazer

-Prazer

E foi

e

tudo que passa na mente

de um sonhador consciente

Não há como explicar

lidar com aquilo que antes de ser

já era, não foi, já foi

sei lá

 

só escrevendo algumas linhas

pra

dar razão de vida

àquilo que jamais

será

?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ritmo na escrita

Parágrafo. Um ponto, só uma virgula. O ritmo na escrita é feito de tinta e espaço, barulho e silêncio, luz e escuridão; ponto e vírgula. Dois pontos: você que escolhe o compasso, se lê bem rápido ou se vai  de mansinho. Três pontos...

O verso

Sugere um caminho

O ponto e o verso sugerem um caminho

O ponto é a pausa dramática

O verso

Vírgula do espaço

Escrita, palavra

mais  enigmática

preenche o encalço

calça o som

nomeia emoção

cresce o refrão

no espaço

há tempo pra mais espaço

união

não ouço uma forma concreta

de se de separar

os irmãos

 

 

 

quinta-feira, 17 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

Artista

o louco que

finge ser normal

aquele pouco

que sabe do final

 

(é a parte

que aperta

a ponta;

é a pinta

é a puta)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

falava sem gesticular

fazer poesia é defesa

que tenho

no peito, guardada

tão só

Toda prosa

que

parece até

Que vive

fora

quarta-feira, 19 de maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

das artes

a mais interativa

a que deixa à

deriva

do sonho

sentimento

sensação

 

Abram as portas

da vida

garganta

O sopro que a luz

Instiga

melodia vivida;

canção

quarta-feira, 28 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

sábado, 10 de abril de 2010

homeopatia

livro bom

arrepia a espinha

faz da voz dele a minha

entristece

não pelo final trágico

mas pela tragédia de ter um fim

quarta-feira, 7 de abril de 2010

a ponta do iceberg

é que aparece no horizonte

mas veja bem

foi a parte escondida que mereceu tal nome

(a ponta sozinha é gelinho num copo de whisky)


quinta-feira, 25 de março de 2010

prolixo?

A música faz lembrar o sentimento que

foi sentido no exato momento

em que foi feita.

Pra congelar arrepio

É mais eficaz que nitrogênio líquido

E cada vez que se ouve

se soma um sentido

lembrado na próxima vez em que a musica é ouvida

e tome mistura de vento,

infinita e disforme, numa soma de vida

vá lá, desisto de explicar com a última:

 

música é forma de se misturar arrepio


quinta-feira, 18 de março de 2010

domingo, 14 de março de 2010

carta aberta


no cheiro do

pescoço da menina depois do amor

 

eu sinto a morte

vivendo a vida

um pouco dela, essa

menina


(morte é palavra feminina)


amor é arte

eu sou você

não é ciência


fazem cinema

minhas mãos

nas costas dela

 

o melhor poema:

dedos descem pela costela

eu-lírico nos seus ouvidos

verbos de vento

sem tempo

sem som


sábado, 6 de março de 2010

da rua

O fim da festa me deixou órfão da rua. Mas não de qualquer rua. Sou um órfão da rua do carnaval.

Aquela rua que se fantasia com a sua essência mais pura só para nos lembrar a razão da sua existência.

Com a palavra, o maior poeta da rua de todos os tempos e de todas as ruas, João do Rio:

 

“Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia, Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.

(…)

 

A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor, uma melopéia tão triste que pelo ar parece um arquejante soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora das obras humanas. A rua criou todas as blagues todos os lugares-comuns.

(…)

 

Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes – a arte de flanar. É fatigante o exercício?

 

Que significa flanar? Flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem.

(…)

 

É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico.

 

(…)

 

O flâneur é ingênuo quase sempre.

(…)

 

O balão que sobe ao meio-dia no Castelo, sobe para seu prazer; as bandas de música tocam nas praças para alegrá-lo; se num beco perdido há uma serenata com violões chorosos, a serenata e os violões estão ali para diverti-lo. E de tanto ver que os outros quase não podem entrever, o flâneur reflete. As observações foram guardadas na placa sensível do cérebro; as frases, os ditos, as cenas vibram-lhe no cortical. Quando o flâneur deduz, ei-lo a concluir uma lei magnífica por ser para seu uso exclusivo, ei-lo a psicologar, ei-lo a pintar os pensamentos, a fisionomia, a alma das ruas. E é então que haveis de pasmar da futilidade do mundo e da inconcebível futilidade dos pedestres da poesia de observação...

Eu fui um pouco esse tipo complexo, e, talvez por isso, cada rua é para mim um ser vivo e imóvel.

(…)

 

Qual de vós já passou a noite em claro ouvindo o segredo de cada rua? Qual de vós já sentiu o mistério, o sono, o vício, as idéias de cada bairro?

(…)

A alma da rua só é inteiramente sensível a horas tardias.

(…)

 

Talvez que extinto o mundo, apagados todos os astros, feito o universo treva, talvez ela ainda exista, e os seus soluços sinistramente ecoem na total ruína, rua das lágrimas, rua do desespero – interminável rua da Amargura.”

 

João do Rio em “A alma encantadora das ruas”, 1908. 

Texto completo em:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000039.pdf

 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

cinzas de cor

peguei

o bonde do destino

pulei

de vagão em vagão

fiz da euforia

um hino

conheci

uma princesa de rosa

de tanto cantar fiquei rouco

meu suor fez

salgado o

chão

 

o dia a se fantasiar de noite

a noite a se fantasiar 

de dia

tristeza com chapéu de alegria

a alegria por si só

fantasia

  

captei o princípio

da rua

andei do início ao fim

 

eu passei pelo bloco

ou foi o bloco que passou por mim

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Iludere carnavalis rebolation

Um pouco de você

pros outros

já e muito de você

 

(entenda que neste bloco já não há espaço para a desilusão)

 

10 minutos de alguém

é um universo

acredite

 

(e tudo o que é desconhecido pode ser guardado no bolso)

 

não tire retratos

vista seus olhos;

 

é  impossível fotografar a neblina da festa

domingo, 7 de fevereiro de 2010

É que eu vi um carnaval de caixa e zabumba. O coro eufórico das pastoras, já pensa na próxima, emenda naquela, fechando os olhos pra escutar melhor. E é bloco porque é bloco de ato, espaço fica pequeno pra tanto corpo descalço. Quem combinou foi o acaso,  sem pensar no fato, pelo simples instinto de combinar os lados. Se fantasiou de rei e resolveu brincar. Fez juntar a caixa com zabumba,  as pastoras com as ovelhas, novas e velhas, ovelhas brancas e cinzas e negras. Quem chega pára pra ver aquela união estável. Um rio fluindo numa poça, esse bloco que desfila e canta

 parado:

“sintonia do amor

sintonize agora por favor”

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

saudades banais

pela madrugada

chutar uma amêndoa como se fosse uma bola

pra testar quanto tempo

se leva a mesma amêndoa

com os pés pela estrada

 

se prende a um ponto amarelo

mais cedo ou mais ou mais tarde

se descasca e rosa

 

te leva

essa amêndoa sem rumo

pensa agora só no 

caminho

(a

cabeça baixa

mirando

o vazio

atenção difusa na

estrada parada

e só 

o que gira

é amêndoa)

 

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